Em que momento da vida social, sobremaneira a brasileira, a opinião alheia, logo dos que convivem diuturnamente conosco, passou ao status de fator justamente ignorável, ou mesmo rechaçável, como condição da felicidade de cada indivíduo, como tenho notado já tem mais de década? Como, e por qual razão, em certo passo da nossa trajetória coletiva a perspectiva de pensamento do outro, do compatriota, do conterrâneo, do concidadão, se tornou inócua diante da forma de agir e ser de cada um, ou de alguns muitos, materializados em hábitos indiferentes às sensações causadas àquele ou àquela divergentes, que estão ali, ao lado? Não me soam bem, já faz algum tempo, mantras da espécie que pregam "ser o que se é, sem importar a opinião dos outros".
Ao menos com o absolutismo como não raras vezes são invocados, ou, ainda, como postura de autenticidade a ser imposta a um mundo hipócrita. Se é certo e inegável que a civilização ocidental evoluiu dos hábitos padronizados e dos valores morais enrijecidos e excludentes para as liberdades cidadãs e humanas inatacáveis, também penso, que tal não pode, nem deve, ser subterfúgio de consolidação do individualismo e insensibilidade social, mútuas ou recíprocas, que sejam. Parcimônia, calma e respeito. As pessoas se tornaram protagonistas de suas vidas, graças ao regime democrático e à sedimentação de valores humanos fundamentais. Ocorre que protagonismo, invariavelmente, gera proporcional responsabilidade. E, salvo melhor juízo, o exercício de liberdades, no tanto e no como, tem consequências de ordem coletiva.
Os atos e as posturas, temos visto, geram objetivos efeitos em tudo e em todos, fazendo com que, sim, a opinião dos "outros" seja importante, relevante, sopesável. Se trata de cuidado e solidariedade, verdadeiro ato de empatia que, nem de longe, pode redundar em renúncia às convicções, aos direitos individuais conquistados, ou mesmo a elas, as liberdades. Mais que isso, são instrumentos de pacificação social necessários e eficazes, letais quando empregados contra as polarizações que a falta de respeito ou atenção às impressões de acolá oportunizam o que experimentamos. Onde vigora a intolerância auditiva, explícita ou velada, pululam pensamentos subjugando outras correntes de raciocínio e, consequentemente, nenhuma das posições têm perenizadas suas conquistas que acabam, momento ou outro, ameaçadas ou, ainda, suprimidas.
Os processos e evoluções sociais são pródigos em nos ensinar que alternância de concepções a nortear o designado "poder" é natural e inevitável. É passada a hora destes fenômenos próprios da construção social não interferirem negativamente nas conquistas de todos e para todos.
Minha opinião, né...